Sindicato do Transporte de PN pede revisão do salário dos motoristas e volta da função de cobrador
Uma das participações da Tribuna Livre da Reunião Plenária da última quinta-feira (24) foi a do vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário de Ponte Nova, Virgílio Ferreira Milagres. Ele disse que o Sindicato quer a volta da função de cobrador e ressaltou que o valor recebido pelos motoristas não condiz com o que está no edital.
“No edital está o salário de R$ 2.554,00, sendo que hoje o salário do motorista é de R$ 2.366,00 mais 30% por dirigir e cobrar. [...] No edital não fala nada do dirigir e cobrar. [...] Se desse tempo ainda de mudar o valor salarial e colocar o dirigir e o cobrar nesse edital também, que não tem. Só tem o salário do motorista. Ou então colocar os cobradores. [...] Então quer dizer, está reduzindo o salário do motorista, que hoje está no valor, com o dirigir e o cobrar, de R$ 2.796,00. Vai cair para R$ 2.500,00. [...] E esses R$ 2.796,00 que estão recebendo hoje já está defasado, [...] porque a data-base nossa é 1º de fevereiro. [...] Já tem a pauta de reivindicação, nós já pedimos mais de 20% de aumento. Porque o motorista hoje não pode trabalhar por menos de dois salários, não”, desabafou.
Ele falou sobre a demora da nova licitação do transporte público do Município. “Até hoje não conseguimos fechar esse acordo coletivo por causa desse edital aí que sai e não sai, já vem enrolando esse tema há bastante tempo”.
Virgílio enfatizou que é contra o fato de o motorista ter que acumular dupla função.
“É um absurdo um motorista dirigir e cobrar, ficar 7h20min no volante para receber menos de dois salários mínimos. [...] Não tem incentivo nenhum para [...] a gente exercer a nossa função, que é dirigir. Hoje você vai trocar uma habilitação, está mais de dois mil reais para um motorista profissional, mais o exame toxicológico. [...] Então, tudo isso aí tinha que melhorar no edital no próximo contrato da Prefeitura com a empresa concessionária que vai prestar o serviço urbano. Tem que colocar isso aí em pauta também”, observou.
Ele falou sobre o perigo de o motorista ter que tirar sua atenção do volante para receber e dar o troco aos passageiros.
“Não existe lei no Brasil ainda que regulamenta esse dirigir e cobrar. [...] Inclusive, queria pedir a essa Casa que votasse um projeto de lei que obrigasse Ponte Nova a ter cobradores dentro dos ônibus. [...] Faz muita falta o cobrador. [...] Ajuda nas coordenadas da manobra também para evitar esbarrar o carro. [...] E é um motivo a mais para dar emprego aqui na Cidade também. [...] Infelizmente, o motorista tem que contar dinheiro, se voltar para o passageiro para dar o troco e a direção fica além. Às vezes tem bastantes esbarrões aí na Cidade e acaba o motorista tendo que pagar na empresa, porque na hora que ele bateu, ele bateu errado. Porque estava com a atenção em outra coisa. [...] Isso aí começou nos grandes centros e veio para o interior. Os empresários, para terem maiores lucros, descontam sempre no trabalhador. [...] Nós trabalhamos com vida, nós transportamos vida. É a coisa mais preciosa que tem, a vida do ser humano”, afirmou.
O vice-presidente do Sindicato ainda demonstrou preocupação com a manutenção dos empregos dos motoristas após o novo edital.
“Qualquer empresa que chegar aqui em Ponte Nova para trabalhar, sendo a São Jorge ou uma outra empresa qualquer, vai querer ter o direito de pagar o salário para o motorista de R$ 2.500,00. [...] A própria São Jorge, se ganhar, pode demitir todos os funcionários e contratar novos com novos valores e não fazer acordo mais com o Sindicato”, destacou.
Negociações
Virgílio informou que o Sindicato não foi convidado para participar de todas as reuniões de negociação do novo edital com a Comissão de Licitação do Transporte Público.
“A Comissão de Trânsito que foi discutir o edital convidou o Sindicato. O Sindicato foi em uma reunião, nunca mais foi convidado. A única coisa que chegava lá é a ata para assinar, como é que você assina uma ata [de uma reunião] que você não participou? [...] Se o Sindicato tivesse participado [...] a gente já tinha reclamado há muito tempo desse salário. [...] E neste edital, além de reduzir o salário, não fala dos outros benefícios que já existem para a categoria hoje, como plano de saúde, plano odontológico, cesta básica. Deveria estar no edital”, enfatizou Virgílio.
Considerações
Os vereadores parabenizaram o vice-presidente do Sindicato pela participação e agradeceram as pontuações trazidas por ele.
Emerson Carvalho (PP) sugeriu que todos os vereadores enviem, em conjunto, um ofício ao Executivo para questionar a respeito da questão salarial. “Esse edital já foi cancelado umas quatro vezes aí pela Prefeitura. E o povo, acredito que vocês também, a categoria de motoristas, e todo mundo já não aguentam mais esperar isso. Através dessa licitação, desse edital, é que nós vamos dar continuidade a uma série de coisas, inclusive a qualidade do serviço para o usuário”.
Suellenn Fisioterapeuta (PV) lembrou que o debate sobre o transporte público está presente desde o início da atual Legislatura.
“Inclusive fiz um Requerimento que tenho que receber na semana que vem [a resposta do Executivo] sobre o transporte público. Questionei inúmeras coisas. E os vereadores também utilizaram a palavra. A gente sabe que o transporte público de Ponte Nova não é um problema agudo, é um problema crônico que vem piorando há vários anos, e a gente precisa realmente tomar alguma atitude para que melhore o atendimento à população, para que melhore para os funcionários que exercem a função”, disse a parlamentar.
Guilherme Belmiro (PT) ratificou que o transporte público é um assunto recorrente na Câmara, lembrou que o edital deveria ter sido realizado em 2021 e apontou que os motoristas devem ser mais valorizados.
“O que a gente vive hoje no transporte público da Cidade é um caos que vem se arrastando. [...] Eu lembro que participei de uma Audiência Pública promovida pelo Executivo na época, [...] que apontou algumas melhorias que poderiam ter sido feitas no transporte da Cidade. [...] Realmente estão exercendo duas funções e nada mais do que justo vocês receberem essa porcentagem. [...] Poderia já ter esse acréscimo no próprio edital”, disse.
Wagner Gomides (PV) falou sobre o fato de o Sindicato não ter sido convidado para todas reuniões com a Comissão de Licitação. “Como não ouvir o Sindicato se tem uma convenção assinada por todos sobre a questão salarial? [...] Um erro totalmente descabido a não discussão desse novo edital junto ao Sindicato, que é quem de fato opera o transporte público no Município”.
Wagner ainda falou sobre o reajuste salarial pleiteado pelo Sindicato.
“Quando você fala em redução de ganho do trabalhador, é algo que preocupa, porque a tarifa está sendo reajustada no edital, mas o salário, que é inclusive pactuado hoje com o Sindicato, de dois mil setecentos e alguma coisa, ele não foi pactuado com o Sindicato. E aí você já começa o edital de forma errada, porque a tarifa vai acrescer, quem ganhar vai ter um custo diferente do que está na planilha, porque já foi falado aqui inclusive que a planilha está defasada e o salário vai diminuir”, concluiu.
Zé Osório (PSB) reconheceu o trabalho prestado pelos motoristas de ônibus. “Muita gente não vê essa valorização, a responsabilidade de vocês de transportar tanta gente durante o dia. [...] A gente sabe que quem representa a classe é o Sindicato e é inadmissível que não tenha sido consultado nem participado das reuniões. [...] Nós queremos que as coisas melhorem para o povo de Ponte Nova, com um transporte público de qualidade, com mais segurança. E isso tudo vem das condições de trabalho e da valorização do trabalho de vocês”.
Thaffarel do Povo (PSB) valorizou a causa defendida pela categoria. “Nós precisamos de motivação para o colaborador desempenhar um papel melhor em sua função, e se, infelizmente, o salário venha a se defasar, a motivação vai embora”.
Pastor Fabiano (Avante) disse que a categoria é uma das mais injustiçadas e lembrou que desde o início do ano os vereadores abordam o assunto. “Em todas as reuniões, praticamente, alguém fala algo sobre o transporte público. É sinal de que nós estamos preocupados com isso, e pode ter certeza de que o que esta Casa puder fazer para melhorar, nós vamos fazer”.
Marcinho de Belim (PDT) sugeriu que a Câmara faça um Requerimento solicitando que o Executivo explique o motivo de não ter convocado a categoria para discutir conjuntamente. “Fiquei aqui escandalizado pelo fato de eles não convocarem o Sindicato para debater o edital”.
Gustavo de Fizica (MDB) falou sobre a possibilidade de o edital ter que passar por uma reformulação. “Fico chateado que esse edital, mais uma vez, vai ser contestado. [...] A falta de interesse em fazer uma coisa em conjunto aí da Prefeitura, isso vem causando atraso nesse edital e a população não aguenta mais. [...] Peço ao Executivo que refaça, olhe direitinho para que não tenha mais erro de novo, porque quem está sofrendo com tudo isso é a população que mais uma vez vai ter que esperar de novo”.
Rubinho (PP) falou sobre a recorrência de erros no processo de licitação do transporte público.
“Tem alguma coisa errada aí, porque não tem por onde, cada mês é um ponto negativo para cancelar o edital. [...] A gente precisa reunir a Câmara, voltar a discutir com a Prefeitura, [...] chamar o pessoal da licitação e ver o que está acontecendo; porque tanto os motoristas, quanto a população, e nós, vereadores, também estamos sofrendo com essa situação. [...] Precisamos pôr um ponto final. [...] Eles estão fazendo o exercício de motorista e de trocador, nada mais justo do que pagar um salário adequado aos motoristas, porque eles estão fazendo dois papéis”.
Wellington Neim (PP) lembrou que somente neste ano o edital sofreu duas alterações na data de publicação e ressaltou que os motoristas deveriam ser mais valorizados.
“Eu acho que, pela responsabilidade de um motorista de ônibus, vocês mereciam ganhar, no mínimo, 4 mil reais. É uma coisa absurda a responsabilidade suas, vocês lidam com vida o tempo inteiro, e [...] não se vê acidente com motorista da São Jorge pela rua aí, não”.
Neim ainda disse que a Casa Legislativa está à disposição para auxiliar a categoria no que estiver ao alcance da Câmara.
“Eu quero dizer para vocês que nós não temos o poder de voto, [...] porque isso é um trânsito interno da Prefeitura. Mas nós estamos juntos com vocês, [...] porque é um assunto que precisamos debater e levar em consideração que precisa ser revisto”, finalizou.
O vídeo da Reunião Plenária de 24 de abril está disponível na página da Câmara no Facebook e no canal no YouTube.
Tribuna Livre
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