Custos e funcionamento do transporte coletivo são apresentados na Tribuna Livre
Os vereadores de Ponte Nova receberam, na Tribuna Livre da Reunião Plenária da última quinta-feira (10), o secretário Municipal de Mobilidade Urbana e Transportes (Semut), Rodrigo Carraro Arsênio, e o diretor da empresa São Jorge AutoBus, José Flávio de Andrade. Eles apresentaram uma planilha e esclareceram sobre custos e funcionamento do transporte público coletivo em Ponte Nova.
O secretário explicou que, atualmente, a Semut é a responsável por gerir o serviço de concessão de transporte no Município e que, mensalmente, é feita a planilha com o cálculo dos custos do serviço de transporte.
“É uma planilha utilizada pela Associação Brasileira do Transporte Público. [...] É uma planilha de lançamentos variáveis, mas não índices variáveis. [...] O número de passageiros transportados e quilômetros rodados no mês, quantos veículos compõem, tudo está nessa planilha. [...] O custo mensal vai estar lá. [...] É a planilha que calcula os gastos. Não é um custo baixo. Toda a linha de ônibus que por ventura for criada, [...] todo horário de ônibus que é aumentado, tudo isso reflete na planilha, porque reflete na quilometragem”.
A planilha, conforme o secretário, é aprovada mensalmente pela Comissão Tarifária do Transporte Público Coletivo. Atualmente, a Comissão tem como membros os vereadores Rubinho (PP) e Wagner Gomides (PV).
“Hoje nós tivemos a reunião da Comissão Tarifária, né Rubinho? [...] Porque a gente tem um prazo para isso, a gente tem que fazer o repasse para custear o serviço”.
Índice de passageiros por quilômetro
O diretor da empresa São Jorge, José Flávio, discorreu sobre o cálculo do custo mensal do serviço de transporte, que é baseado no sistema IPK (Índice de passageiros transportados por quilômetro).
“A remuneração do contrato é toda feita em cima do quilômetro rodado. E nessa planilha são colocadas todas as variáveis do transporte coletivo. Insumos, quilômetros, número de passageiros, óleo diesel, pneus. [...] No final, ela dá o valor da tarifa e o valor do quilômetro rodado. Como explicou Rodrigo, se multiplicar pelo número de quilômetros, vai dar o valor do contrato. [...] Exemplo: o ônibus andou um Km e pegou dois passageiros, então o IPK é dois. Dois passageiros por Km”.
Custo mensal
O secretário da Semut mostrou como é feito o cálculo do subsídio mensal do serviço de transporte.
“Nos custos mensais do transporte coletivo é lançado também o custo de um veículo. [...] No mínimo R$ 800.000, R$ 850.000 um ônibus desse. [...] E à medida que você aumenta quilômetro e não aumenta demanda, aumenta subsídio ou aumenta valor de tarifa. [...] Quando você lança na planilha o custo do serviço, o custo da passagem no mês de março deveria ter sido de R$ 4,64. Só que a nossa passagem é de R$ 2,50. Então, a partir da subtração desses valores é que você calcula o valor do subsídio mensal. [...] Então, a gente tem um contrato por quilômetro rodado. Nós pagamos por quilômetro rodado. [...] O custo mensal do mês de março do transporte coletivo foi de R$ 1.084.386,79”.
Linhas nos bairros
O secretário abordou também sobre o número de linhas disponibilizadas aos usuários do transporte. “A gente melhorou muito nesse sentido. Tinham bairros que não estavam com atendimento. A gente chegou a um consenso, aumentamos os horários. [...] Estamos rodando com cerca de 45 ônibus, porque tem linhas que há a necessidade de reforço”.
O diretor da São Jorge explicou que, atualmente, a empresa não tem autonomia para aumentar ou suprimir as rotas ou o número de veículos rodando.
“Isso depende mais de vocês, da Prefeitura, do que da própria empresa. A gente só executa o que chega para a gente. [...] No passado vocês iam direto na empresa e resolviam isso lá. Hoje não é resolvido dessa forma mais. [...] Quando a demanda chega nós repassamos para o Rodrigo e para a Comissão e isso é discutido lá. Então muitas vezes a gente acaba tomando uma culpa que não é nossa, tanto em redes sociais ou em alguma fala na Câmara, porque a São Jorge não coloca ônibus nem tira. E tudo é levado para a Comissão onde é discutido em cima dessa planilha de custos. [...] Que vocês entendam que não depende de mim aumento de linha. Então, quando a demanda chega a mim, fica parecendo que a empresa que não colocou, que a empresa que tirou horário. E não é dessa forma”.
Mapeamento por GPS
José Flávio apresentou como funciona o mapeamento por GPS das linhas de ônibus.
“Todas as nossas linhas são mapeadas. [...] Dá para ver o mapeamento de qualquer linha de ônibus, de qualquer bairro, em tempo real onde o ônibus está passando. [...] Muitas vezes a gente vê alguns comentários, principalmente em redes socias, umas reclamações que não procedem. [...] Às vezes eu vejo muito questionamento de horário. A gente fez um levantamento do Triângulo de ônibus diário. O Triângulo tem 98 horários de ônibus por dia. Exemplo do Triângulo, no dia de ontem: teve 100% de eficiência”.
Considerações
Após a explanação, Rodrigo e José Flávio agradeceram a oportunidade de se expressarem e ratificaram que estão sempre à disposição para o diálogo.
“O sonho de todos nós é que nosso trânsito seja pacífico, que nosso transporte coletivo atenda cada vez mais. Vocês sabem muito bem o desafio que é”, disse Rodrigo.
José Flávio afirmou que o transporte público coletivo depende de investimento para que os custos não sejam repassados à população. “Então, é a dificuldade que tem Brasil à fora hoje com o transporte público, os custos não param de aumentar. [...] Eu sempre percebi um esforço da Câmara e da Prefeitura para resolver a situação do transporte. A gente sabe que é alto. A Prefeitura tem frota própria, ela sabe o preço que é um transporte. Então, é um assunto complexo”.
Vereadores
Os vereadores agradeceram a presença e os esclarecimentos feitos. Suellenn Fisioterapeuta (PV) esclareceu sobre o Requerimento de informações nº 31/2025, de sua autoria, em que pede à Prefeitura dados sobre o transporte coletivo.
“O Requerimento e as falas não foram para criticar, muito pelo contrário. [...] Se a gente se unir e estudar juntos, às vezes mudando a planilha a gente consiga melhorar para todo mundo. [...] Eu sei que na atualidade a empresa São Jorge não tem condições de investir pelo valor que é pago a passagem. Mas a gente tem que estudar às vezes outros tipos, [...] porque às vezes a gente pode mudar a planilha, diminuir o custo e melhorar as condições para os seus funcionários e posteriormente para a população”.
O vereador Wagner Gomides (PV) disse reconhecer o esforço do diretor da São Jorge em tentar melhorar o transporte público de Ponte Nova e falou sobre a importância de uma nova licitação.
“Sei, e agora fazendo parte da Comissão Tarifária, que a licitação não resolve todos os nossos problemas, mas ela quem vai dar condição de a empresa que ganhar fazer investimentos. Seja a São Jorge, seja qualquer outra empresa que tiver aqui”, afirmou o parlamentar.
Wagner abordou ainda sobre os erros referentes à publicação do edital.
“É inadmissível que a gente tenha, por duas vezes, a publicação do edital de forma errada, porque aí dá margem para as pessoas começarem a falar que a Prefeitura está sendo conivente com o que está acontecendo com o transporte coletivo da nossa Cidade. E a gente precisa encarar isso de peito aberto, olhar olho no olho da população e falar que, de fato, estamos querendo mudar, e vocês virem aqui é um sinal disso, mas a gente precisa que esse edital aconteça”.
“Em nome do Governo, o que eu tenho a pedir é desculpa para vocês e falar que é injustificável mesmo dois erros sequenciais”, disse o secretário da Semut.
O vereador Thaffarel do Povo (PSB) sugeriu que a empresa tenha a opção de utilizar ônibus de menor porte. “Em um horário que talvez você tenha um número de passageiros menor, você vai diminuir o custo de manter esse veículo e você vai dar também a possibilidade de um veículo que vai fluir da melhor maneira possível”.
Guilherme Belmiro (PT) lembrou que uma Audiência Pública sobre o transporte coletivo foi realizada pelo Executivo em junho do ano passado.
“Foi praticamente afirmado que em novembro daquele ano teria uma nova licitação. E nessa Audiência Pública foi explicado como seria, teve a empresa que foi contratada, explicou todo o processo, [...] aí quando foi novembro, acabou não tendo a licitação. [...] É por isso que a gente fica, infelizmente, com um pé atrás se, de fato, vai acontecer. [...] Se eu não estiver enganado, o ano em que foi finalizada a concessão foi em 2021. [...] Isso é algo que está se arrastando desde 2021. Então esse anseio para resolver vem daí”, desabafou.
Wellington Neim (PP) sugeriu que seja feita uma revisão geral no edital para que outros erros não voltem a acontecer. “Eu não vejo que nesse momento da mudança da data do edital foi feita uma análise, um check-up no edital em si, então eu temo que no dia 6 de maio novamente tenhamos a mesma forma de algum problema simples ter que fazer o edital ser postergado novamente.
O vídeo da Reunião Plenária do dia 10 de abril está disponível na página da Câmara no Facebook e no canal no YouTube.