Servidor expõe situação da usina de asfalto do Município durante a Tribuna Livre

por Mateus Pires publicado 11/08/2025 18h10, última modificação 11/08/2025 18h10
Leonardo José Lopes também rebateu críticas e explicou tecnicamente sobre a estrutura
Servidor expõe situação da usina de asfalto do Município durante a Tribuna Livre

Leonardo José Lopes

A usina de asfalto do Município foi tema da participação do servidor da Prefeitura Leonardo José Lopes, na Tribuna Livre da Reunião Plenária da última quinta-feira (7). Ele abordou sobre a situação da estrutura, que está sem funcionar há mais de um ano, rebateu críticas e relatou sobre bastidores técnicos, administrativos e políticos que envolveram a operação da usina nos últimos anos.  

O servidor destacou sobre sua experiência na área de pavimentação asfáltica e lembrou que foi consultado, em 2019, pelo secretário de Obras à época sobre a viabilidade de o Município adquirir uma usina de asfalto. “Relatei, por experiência própria, que as diferenças entre usinas de PMF [asfalto frio] e usinas de CBUQ [asfalto quente] [...] eram complexas, demandavam equipe altamente treinada e a demanda era grande e específica”, disse.

Críticas respondidas

Leonardo também contestou falas da assessora executiva do gabinete do prefeito, Sandra Brandão, ditas durante Reunião da Comissão de Serviços Públicos Municipais, em junho.

“Ela citou várias vezes a palavra expertise relacionada ao pessoal da pavimentação asfáltica da Prefeitura. [...] Foram feitas várias ruas pavimentadas na cidade. Ela disse naquela ocasião 56, mas foram 51. Ela cita ainda a falta de experiência de funcionários para a aplicação de massa asfáltica. Nós temos funcionários na Semob [Secretaria Municipal de Obras] com mais de 6 anos de experiência”, disse e lembrou que ele e outros três servidores foram capacitados por um técnico da fabricante da usina para operá-la.

“Ela fala ainda da deterioração das peças da usina – qualquer equipamento que se usa diariamente vai sofrer desgaste –. [...] Cita ainda [...] ‘aplicador de asfalto quebrou’. A gente usa aplicador de asfalto numa operação que se chama TSD, [...] a gente nem nunca fez isso aqui em Ponte Nova”, completou.

Ainda em referência às falas da assessora, Leonardo afirmou que a usina chegou a operar com matéria-prima em condições inadequadas. “O material agregado [...] tem que estar com 3% de umidade, o máximo recomendável [...] é de 5%. A gente já chegou a rodar com 12%”.

Configuração inadequada

O participante da Tribuna ainda relatou que, em 2021, um especialista esteve no Município e configurou a usina para operar em um formato que, segundo o servidor, foi errado.

“Foram produzidas 74 toneladas de massa, que foram aplicadas nas imediações do Banco Santander do Guarapiranga. Comprovando a ineficácia do método adotado, nos dias seguintes a equipe de aplicação passou o dia todo varrendo a brita que soltou”, lembrou.

Leonardo disse que o secretário de Obras à época o pediu, então, de forma sigilosa, que reconfigurasse a usina. Entretanto, o equipamento não aceitava os novos comandos. “Esse problema só foi corrigido com a presença do técnico da Margui [fabricante], [...] em janeiro de 2023”.

Cimvalpi

O servidor disse que, em maio de 2023, a Prefeitura cedeu ao Consórcio Intermunicipal Multissetorial do Vale do Piranga (Cimvalpi) a operação da usina.

Diálogo

Leonardo se colocou à disposição para conversar com engenheiros da Prefeitura e demais colaboradores a fim de encontrar a melhor solução para a usina e o Município.

Viabilidade

Questionado pelo vereador Emerson Carvalho (PP), Leonardo opinou sobre a viabilidade financeira da operação da usina para o Município. “Para você buscar em uma usina de asfalto, hoje, uma tonelada [...] é em torno de R$ 690,00. Para você comprar, trazer até aqui e a empresa aplicar, é por volta de R$ 890,00”. Além disso, fez observações sobre a necessidade da temperatura adequada do material que, quando produzido em outro município, pode perder calor até ser aplicado em Ponte Nova.

O vereador Wagner Gomides (PV) expôs problemas identificados na usina durante visita ao local, em 2021, como ligações elétricas improvisadas e materiais expostos ao tempo, além da falta de licença do Corpo de Bombeiros. O parlamentar também questionou o servidor sobre a viabilidade da usina e se o leilão da estrutura (hipótese considerada pela Prefeitura) seria vantajoso. “Eu acho que sim, leiloa. A questão de mão de obra para aplicar, [...] temos pessoas qualificadas. Não temos pessoas classificadas: [...] salário e nomeação”, afirmou.

“A usina, para não atender Ponte Nova, no meu ponto de vista, é quando ela vai asfaltar uma rua. [...] Eu preciso parar todos os caminhões da Prefeitura, não só da Semob. [...] Porque se eu ligar a usina às 2 horas da madrugada, eu não posso desliga-la às 2h40, que é o tempo que eu gasto para produzir 17 toneladas de asfalto”.

Careca Totinho (Avante) também indagou sobre a vantagem de o Município manter a usina. Leonardo lembrou que, em 2019, quando a estrutura foi adquirida, “foram feitas contas e ficava em torno de 42% mais barato para Prefeitura [do que a compra do asfalto por meio de empresas do ramo]”.

Marcinho de Belim (PDT) disse que, em abril, foi informado pela Prefeitura que a usina estava inoperante devido à oscilação de voltagem do conjunto do gerador, à necessidade de interromper a produção a cada 24 toneladas para limpeza do filtro, à inoperância do modo automático, à oscilação na velocidade das correias e ao automático do aquecimento do cimento asfáltico de petróleo (CAP). Leonardo respondeu tecnicamente sobre as alegações.

Gustavo de Fizica (MDB) avaliou que a usina é um patrimônio do Município e trouxe benefícios, mas avaliou ser necessário analisar a sua viabilidade.

Wellington Neim (PP) destacou que o Cimvalpi entregou a operação da usina ao Município em virtude do alto custo de operação, “alegando que ela fabricou R$ 4 milhões de asfalto por R$ 7 milhões”. Ele propôs que os vereadores, representantes da Prefeitura e do Departamento Municipal de Água, Esgoto e Saneamento (Dmaes) façam uma visita à estrutura para avaliarem a viabilidade de mantê-la.

Pastor Fabiano (Avante) também defendeu a visita ao local para sanar dúvidas sobre a viabilidade da usina, além de promover transparência ao assunto.

Thaffarel do Povo (PSB) sugeriu que, além da visita, a usina seja colocada em funcionamento para possibilitar a avaliação completa da estrutura.

A Tribuna Livre é um espaço destinado à população durante a Reunião Plenária. A participação acontece mediante inscrição prévia, via formulário eletrônico.

O vídeo da Reunião Plenária de 7 de agosto está disponível na página da Câmara no canal no YouTube.