Saúde demanda atenção básica fortalecida e serviços em rede, aponta audiência

por Mateus Pires publicado 31/05/2023 18h26, última modificação 31/05/2023 18h26
Vereadores, população e prestadores de serviço se reuniram em Audiência Pública na Câmara para debater os problemas na saúde em Ponte Nova

Com a ausência de representantes do governo do Estado e de um dos hospitais de Ponte Nova, os serviços de saúde pública foram pauta de uma Audiência Pública na Câmara, na última quinta-feira (25). A necessidade de fortalecer a atenção básica em saúde foi defendida por vereadores, população, prestadores de serviço e pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa).

A sessão, que durou duas horas e meia, foi coordenada pelo presidente da Câmara, vereador Dr. Wellerson Mayrink (PSB), que compôs a mesa do evento juntamente com o presidente do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Microrregião do Vale do Piranga (Cisamapi) e prefeito de Urucânia, José Márcio Osório, pela secretária municipal de Saúde, Kátia Irias, pela superintendente executiva do Hospital Arnaldo Gavazza (HAG), Lucimar Fonseca, pela presidente do Conselho Municipal de Saúde, Maria Damião, e pelo vereador Guto Malta (PT). 

O superintendente executivo do Hospital de Nossa Senhora das Dores (HNSD), José Maurício Moraes, assim como a superintendente regional de Saúde, Geysa Fialho, foram convidados, mas não participaram da audiência.

“A nossa intenção é justamente criar ambientes propícios para se resolver os problemas, porque quem está lá na ponta, o usuário que depende do Sistema Único de Saúde, está sofrendo”, pontuou Guto, líder do bloco Voz Ativa, que solicitou a audiência diante das críticas dos usuários dos serviços.

Atendimento nos hospitais

Um dos pontos mais debatidos na reunião foi o atendimento no pronto socorro dos hospitais de Ponte Nova, que é polo da Microrregião e Macrorregião de Saúde Leste do Sul, que possui 53 municípios.

Foi evidenciado que a maioria dos atendimentos no pronto socorro dos hospitais é de pacientes de outros municípios. Há ainda o fato de que grande parte deveria ser atendida em unidades da atenção primária.

“A gente tem uma população hospitalocêntrica. [...] A maioria desse atendimento é de verde, que poderia ser atendido no PSF [Programa de Saúde da Família] ou na unidade”, constatou a secretária de Saúde.

“Não adianta a gente fazer política pública se o Ministério Público não estiver junto com a gente. Por quê? Tem que cobrar das cidades vizinhas colocar o PSF funcionando, o hospital funcionando”, argumentou Dr. Wellerson.

Kátia reconheceu que a superlotação das unidades é um problema e, para desafogar a demanda do HAG, anunciou mudança na rede pediátrica. “A gente vai retirar essas crianças, desafogar a porta do Gavazza e do Sammdu [Serviço de Assistência Médica Municipal de Urgência], fazendo atendimento no Nossa Senhora das Dores 24 horas, com leitos de observação em ala separada”, disse.

Lucimar ressaltou a importância de criar medidas que diminuam a demanda por atendimento nos hospitais. “Nós precisamos realmente de desafogar os hospitais para que eles façam aquilo que eles têm vocação para fazer, que é atender as urgências e emergências”

Ofertar serviços de atenção primária nos municípios vizinhos é uma medida que pode diminuir a demanda nas unidades pontenovenses. Osório disse que o assunto está na pauta do Cisamapi. “Vamos conversar com todos os prefeitos no sentido de manter e garantir a atenção básica nos municípios. Nós temos municípios que fazem, sabemos que têm municípios que não cumprem, então precisamos de estarmos juntos”, frisou.

Sammdu

A audiência também evidenciou a importância de se fortalecer os serviços da atenção básica em saúde, como as Unidades Básicas de Saúde (UBSs), PSFs e o próprio Sammdu, cuja importância foi evidenciada por Dr. Wellerson.

“Realmente a gente tem um problema. A demanda lá é gigantesca, a gente faz um atendimento de mais de 60 fichas por dia (isso do clínico, não estou colocando pediatra). A gente está reformando o Sammdu internamente, a gente tem um plano de fazer um segundo andar”, afirmou Kátia.

Outras medidas para reforçar os serviços da atenção básica foram abordados na audiência, como a previsão de início de funcionamento em junho da UBS do bairro Dalvo de Oliveira Bemfeito, expectativas com a UBS Palmeirense e a solicitação do município ao governo estadual para financiamento de três novas UBSs.

Consórcio

A forma como os serviços públicos de saúde são ofertados à população nos municípios também mereceu atenção dos participantes. Organizados em um consórcio, a importância do Cisamapi foi reforçada, mas também recebeu críticas.

“Para os municípios, o consórcio é uma excelente ferramenta para poder facilitar o que está difícil. E principalmente para nós, todos os usuários do SUS, muito mais importante, porque o consórcio habilita o município a colocar o SUS na vida do cidadão, que é quem mais precisa”, disse o presidente do Cisamapi.

Entre os participantes, Efigênia Celestina Barbosa de Oliveira criticou os problemas de transporte do consórcio, que deixa os pacientes em espera por longo período para se deslocarem. Maria Auxiliadora Bezerra também relatou dificuldades no acesso a medicamentos.

Questionamentos

Os vereadores questionaram sobre o atendimento de saúde a grávidas, crianças, população rural, atendimento psiquiátrico e psicológico, remuneração de servidores, atendimento de agentes de saúde e endemias, o combate à dengue, o andamento das cirurgias de catarata, a oferta de oxigenoterapia e da dieta enteral, o planejamento e os protocolos adotados pelas unidades de saúde.

A secretária explicou que haverá credenciamento para as cirurgias de catarata. Servidores da Semsa explicaram que a liberação da dieta enteral segue protocolos, mas há flexibilidade dependendo do caso. Houve também esclarecimentos de que os agentes de saúde e endemias têm que colher a assinatura dos moradores após as visitas às residências.

Manifestações

Durante a audiência, o público pôde se inscrever para manifestação. Também participaram Adão Pedro Vieira, Carlos Henrique de Oliveira, André Luiz dos Santos e Dircilene Aparecida Gazeta Santana.

A audiência foi transmitida ao vivo e o vídeo continua disponível na página da Câmara no Facebook e canal no YouTube. Na internet, a reunião foi acompanhada por centenas de usuários, que também apresentaram críticas e questionamentos.

Conteúdo relacionado
Audiência Pública | 25/05/2023