Na Tribuna Livre, especialista em educação cobra por ações antirracistas em PN

por Mateus Pires publicado 25/08/2025 16h50, última modificação 25/08/2025 16h50
Letícia Costa de Oliveira defendeu a promoção de atividades que visam conscientizar e formar a população sobre o tema
Na Tribuna Livre, especialista em educação cobra por ações antirracistas em PN

Letícia Costa de Oliveira

A importância da realização de ações antirracistas em Ponte Nova foi abordada pela especialista em Educação Básica na Rede Estadual de Ensino Letícia Costa de Oliveira. Ao participar da Tribuna Livre da Reunião Plenária da última quinta-feira (21), ela solicitou a promoção de atividades com o tema para a sociedade.

“Inscrevi-me para estar aqui hoje e solicitar aos representantes desta Casa uma atenção a essa temática, buscando promover ações de formação, palestras, cursos, seminários, fóruns não só para os profissionais da educação, mas para a população em geral. Nossos cidadãos e nossas cidadãs merecem conhecer a história do povo negro, toda a sua contribuição para a constituição do nosso país e também do nosso município”, disse.

Letícia, que é Pedagoga pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pós-graduanda em Educação para os Direitos Humanos, Diversidade e Educação Étnico-Racial, avaliou que grande parte da população desconhece instituições que promovem ações antirracistas.

“Ao retornar para Ponte Nova, tomei conhecimento da riqueza existente no nosso município no que diz respeito à cultura afro-brasileira. Conheci o trabalho realizado pela Casa Ganga Zumba, localizada no bairro de Fátima, um território que é remanescente de quilombos, que está há 37 anos disseminando práticas antirracistas. [...] Pessoas que moram aqui, nunca saíram daqui e não conhecem esses espaços, não sabem do que se trata e muitos sequer se interessam”.

A especialista também analisou a necessidade de capacitação para os profissionais da educação. “Percebo como os nossos professores estão despreparados para lidar com situações de racismo que acontecem no ambiente escolar, que não são poucas, bem como em trabalhar propostas antirracistas nas escolas, deixando muitas vezes essas intervenções somente a cargo de supervisores e gestores”.

Letícia citou as Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que determinam a obrigatoriedade do ensino da cultura e literatura afro-brasileira indígena nos currículos escolares. “Passaram-se mais de 20 anos desde a promulgação da primeira Lei. Houve mudanças, mas ainda muito pequenas em relação aos desafios encontrados. E se tratando do município de Ponte Nova, considero que essa temática caminha ainda em passos mais lentos”.

A participante da Tribuna ainda lembrou da Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola (Pneerq), que tem como um dos eixos a difusão de saberes.

“Não foi o povo negro que criou o racismo, esse problema. Então, não é só do povo negro que está aqui hoje a missão de resolvê-lo. Embora nenhum de nós que estejamos aqui – negros ou não negros – estivéssemos lá atrás nos momentos em que as atrocidades aconteceram, nós, não negros, colhemos os ‘pequenos’ privilégios desse sistema”, avaliou.

Após a explanação, os vereadores agradeceram a presença de Letícia e a parabenizaram pela abordagem do tema. Eles também sugeriram formas de atender à demanda apresentada pela especialista e se colocaram à disposição para contribuir com o assunto.

Tribuna Livre

A Tribuna Livre é um espaço destinado à população durante a Reunião Plenária. A participação acontece mediante inscrição prévia, via formulário eletrônico.

O vídeo da Reunião Plenária de 21 de agosto de 2025 está disponível na página da Câmara no Facebook e no canal no YouTube.

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