Diretor da São Jorge responde a questionamentos sobre manutenção da frota
O diretor da empresa São Jorge Auto Bus, José Flavio de Andrade Filho, atendeu ao convite da Câmara para prestar esclarecimentos sobre o transporte público em Ponte Nova. Na Reunião Plenária dessa segunda-feira (23), ele participou da Tribuna Livre e respondeu a diversos questionamentos dos vereadores.
“O momento que vivemos em relação ao transporte público não é um dos melhores. Temos ciência que existe um contrato a ser assinado muito em breve, onde a empresa São Jorge foi a vencedora, mas também temos, no momento, diversos ônibus estão tendo problemas no transporte, quebrando, colocando até mesmo em riso as vidas dos transeuntes”, disse o presidente da Câmara, Wellington Neim (PP), ao justificar o convite ao diretor.
O vereador Wagner Gomides (PV) perguntou quais seriam os motivos de a população desacreditar na empresa, sobre a possível readequação das linhas e questionou a situação atual da São Jorge. “Somos remunerados por 33 ônibus: 33 rodando e quatro reservas. Hoje, prestamos o serviço com mais de 40 ônibus. Por que chegou a esse ponto? Estamos sem contrato. [...] Então, fomos atendendo às demandas à medida que elas foram chegando. [...] Hoje, os ônibus que tem são a conta”, respondeu o diretor.
José Flavio também criticou a situação do transporte público no Município. “O básico, que é um ponto de ônibus para a pessoa sentar e se abrigar de uma chuva e de sol, é só ver a situação em que os pontos de ônibus se encontram. Então, o transporte coletivo não é só o ônibus. Ele é um conjunto disso tudo. E está tudo deixando a desejar”, analisou.
O diretor ressaltou que a demora na realização da nova licitação e a falta de contrato com o Município geraram insegurança que inviabilizaram investimentos da empresa na melhoria dos veículos, por exemplo.
Sobre o recente incidente com um ônibus no bairro Esplanada, o diretor explicou que o motorista já havia comunicado a necessidade de manutenção. “A intenção nossa era parar o ônibus depois do pico. O problema é que saíram os 40. Saem 37 ônibus da garagem no horário de pico. Então, não deu para parar aquele ônibus naquele momento”. Ele acrescentou que outros veículos estão fora do Município para manutenção, o que reduz a frota momentaneamente.
O vereador Emerson Carvalho (PP) chamou a atenção para a responsabilidade da Prefeitura em relação ao transporte público. Ele ainda disse que recebe diversas reclamações sobre o serviço e indagou ao diretor sobre como pretende resolver os problemas. “Rodar com 33 ônibus. Aí a Prefeitura, a Câmara, vocês resolvem aí como que vão fazer com os outros oito, sete”, respondeu José Flavio.
“Nunca, como empresa, falei aqui que não tinha problema com renovação de frota, sempre deixei muito claro. A gente entende que a frota está defasada, mas é uma questão que tem seis anos quase que estamos rodando sem contrato”, pontuou o diretor.
Ao responder ao vereador Guilherme Belmiro (PT) sobre a quantidade ideal da frota para possibilitar a manutenção adequada, José Flavio disse que desde que novas linhas passaram a existir, como São Geraldo, Novo Horizonte e Paraíso, a empresa está sem veículos reservas para isso. “Tem muito mais linhas do que número de ônibus”.
Em relação à nova licitação, a qual São Jorge foi a vencedora, o diretor da empresa avaliou que o serviço não deve apresentar melhorias significativas. “Eu não vi muita melhoria nisso em questão de ônibus. Não vi, sinceramente, não”.
A vereadora Fernanda Bitenco (Agir) questionou sobre os diversos problemas que os ônibus apresentam e como a Câmara pode atuar para melhorar a situação. O diretor lembrou que a complexidade do transporte público vem de muitos anos e inclui também as condições das vias urbanas e rurais. “Precisa de investimento em transporte público, [...] regulamentação de aplicativo de motoboy, [...] melhorar as vias e [...] até a questão dos pontos de ônibus mesmo”, disse e lembrou que os problemas mecânicos nos ônibus vão continuar acontecendo, pois, segundo ele, é algo natural do uso cotidiano deles.
O vereador Pastor Fabiano (Avante) solicitou ao diretor que explicasse como o valor de R$ 2,50 para os passageiros foi definido. “A passagem, hoje, teria que ser em torno de R$ 4,50. Então, a Prefeitura cobra R$ 2,50 e subsidia o restante para a empresa. [...] O transporte público coletivo hoje está em torno de R$ 1,2 milhão mais ou menos para o Município. Então, se não andar ninguém no ônibus, a Prefeitura repassa para gente R$ 1,2 milhão. A medida que vai entrando passageiro no ônibus, esse valor vai diminuindo. Hoje, teriam que andar mais ou menos 450 mil pagantes por mês para a Prefeitura não pagar R$ 1,00”.
O vereador Marcinho de Belim (PDT) parabenizou a empresa pelos serviços sociais prestados e indagou sobre o treinamento da equipe. “Sempre que eles vão entrar [na empresa], eles rodam com fiscal da empresa, rodam todas as linhas, rodam com motorista de confiança nossa. [..] Recentemente fizemos até um treinamento com eles no CEU das Artes”, respondeu José Flavio. Ele relatou ainda que os motoristas sofrem muito desrespeito por parte dos passageiros.
O vereador Zé Osório (PSB) questionou o diretor sobre a qualidade do serviço na zona rural e em relação à superlotação dos veículos. O parlamentar também destacou que a gestão do transporte público é de responsabilidade da Prefeitura. José Flavio respondeu: “o Município tem condição de investir? Eu sempre faço esta pergunta. Porque quando investe em transporte público, falta dinheiro para a educação, para a saúde”.
O vereador Careca Totinho (Avante) avaliou positivamente a direção da empresa e fez sugestões sobre os painéis informativos dos itinerários dos ônibus.
O vereador Gustavo de Fizica (MDB) perguntou sobre a previsão de assinatura do contrato entre a São Jorge e o Município e de renovação da frota. “Não depende de mim. Por mim, já teria resolvido. [...] O rito da Prefeitura com a empresa, com a licitação em geral já está tudo ok. A documentação já foi aprovada. Agora, eles estão esperando uma resposta do Tribunal de Contas”, disse José Flávio sobre o contrato. Já em relação à renovação da frota, ele pontou que o novo contrato estabelece idade média dos veículos de 8 anos e máxima de 12.
Ele observou que após a assinatura, a empresa vai ter seis meses para implementar as novas regras contratuais. Além disso, frisou que as melhorias vão ser gradativas.
O vereador Thaffarel do Povo (PSB) parabenizou a transparência da empresa por expor os desafios do sistema. Ele perguntou sobre medidas que poderiam ser implementadas no Município para otimizar o serviço. “É o investimento em transporte coletivo, investimento em infraestrutura. [...] O problema de Ponte Nova, no meu modo de ver, [...] é a frota”, avaliou José Flavio.
O vereador Rubinho (PP) analisou que os problemas do transporte público estão vinculados à gestão administrativa do poder público, que é o responsável por gerir o serviço, e à licitação.
O vereador Wellington Neim (PP) propôs o envio de um ofício ao Executivo para que seja informado o status do processo para a assinatura do contrato. Ele também indagou sobre a implementação de tecnologias para permitir ao usuário do transporte público acompanhar em tempo integral o itinerário dos ônibus.
José Flavio disse que já iniciou tratativas com uma empresa especializada na área. “Já ligamos o GPS aí. No novo edital prevê os totens para o pessoal acompanhar o horário dos ônibus. E, no aplicativo, é coisa simples de colocar”, disse. Entretanto, avaliou que o recurso nem sempre funciona com a exatidão esperada, pois fatores como o trânsito intenso podem deixar as informações imprecisas.
Neim também perguntou ao diretor se ele considera o transporte público no Município seguro. “É só pegar quantos anos não tem um acidente grave aqui na Cidade. Sim, seguro ele é, não tem como falar que não é”, disse, mas lembrou de um acidente com uma passageira em 2023.
Segundo o diretor, a idade média da frota atualmente é entre 11 e 13 anos. “A São Jorge nunca teve uma história de um ônibus perder um freio. [...] Freio, pneu são [...] o principal problema de uma coisa maior que pode acontecer. Isso a gente não deixa passar”, complementou.
O vídeo da Reunião Plenária de 23 de junho está disponível na página da Câmara no Facebook e no canal no YouTube.